terça-feira, 19 de julho de 2011

ERROS COMUNS A SEREM EVITADOS


Aprender a falar um idioma estrangeiro consiste não apenas em assimilar seus elementos, mas também em evitar a interferência negativa da língua materna. Embora este tipo de interferência seja mais evidente na pronúncia, também ocorre no plano gramatical, levando o aluno a produzir freqüentemente frases desestruturadas e incompreensíveis. O próprio aluno normalmente sente que algo está errado, mas a idéia que ele está tentando colocar está tão intimamente associada à estrutura usada no português, que parece não haver outra maneira. O estudo comparativo de dois idiomas leva à clara identificação dessas diferenças entre eles e permite prever os erros bem como procurar evitá-los antes de se tornarem hábitos.




1. Formulação de idéias interrogativas e negativas: (erro comum apenas no início do aprendizado)
A primeira grande dificuldade que o brasileiro, falante nativo de português, iniciando seu aprendizado em inglês enfrenta, é normalmente a estruturação de frases interrogativas e negativas. Frases interrogativas em português são diferenciadas apenas pela entonação, não exigem alteração da estrutura da frase. No inglês, além da entonação, temos, no caso dos Be Phrases (frases com o verbo to be ou com qualquer outro verbo auxiliar ou modal), a inversão de posição entre sujeito e verbo:
    He's a student. - Ele é estudante.
    Is he a student? - Ele é estudante?
    I can speak English. - Eu sei falar inglês.
    Can you speak English? - Você sabe falar inglês?
E no caso de Do Phrases, frases em que não há verbo auxiliar, surge a necessidade de uso de verbo auxiliar DO para formular perguntas ou frases negativas:
    He speaks English - Ele fala inglês.
    Does he speak English? - Ele fala inglês?
    He doesn't speak French. - Ele não fala francês.
Além de contrastarem profundamente em relação ao português, esses dois tipos de estruturas contrastam entre si. O contraste entre Be Phrases e Do Phrases aparece nos modos interrogativo e negativo. Be Phrases fazem a inversão de posição entre sujeito e verbo para formação de frases interrogativas ou negativas, não precisando de verbo auxiliar, enquanto que Do Phrases precisam do verbo auxiliar DO. Isto representa uma dupla e acentuada dificuldade para os falantes nativos de português, no qual praticamente não existem verbos auxiliares e a formação de frases não é afetada pelos modos (afirmativo, negativo e interrogativo). O modo interrogativo em português, como vimos no exemplo acima, consiste apenas em uma diferente entonação, enquanto que em inglês exige uma significativa alteração na estrutura da frase, além da entonação. A dificuldade não é de entender, mas sim de assimilar e automatizar. Quem fala português como língua materna não está acostumado a estruturar seu pensamento dentro destas normas e precisará praticar exaustivamente para conseguir "internalizar" essas estruturas.




2. The subtle presence of the verb TO BE - Presença/ausência do verbo TO BE (erro comum em nível iniciante)
Do ponto de vista fonético, em frases afirmativas, a presença ou não do verbo TO BE é quase imperceptível aos ouvidos do aluno principiante que está acostumado com a clara sinalização fonética da presença de qualquer verbo em português. Obviamente, a função gramatical de um verbo numa frase é preponderante. Portanto, se faltar onde deveria estar, ou se ocorrer quando não deveria, o erro é grosseiro. Observe os seguintes exemplos:

I lost.
I'm lost.


Eu perdi.
Estou perdido.


It hardly works.
It's hard work.


Isto dificilmente funciona.
Isto é trabalho duro.


They like children.
They're like children.


Eles gostam de crianças.
Eles são como crianças.


It looks like it's going to rain.


Parece que vai chover.

O aluno com este tipo de dificuldade deve treinar o ouvido e a pronúncia, até acostumar-se a perceber a grande diferença funcional deste pequeno detalhe fonético.



3. Subjectless sentences - Frases sem sujeito: (erro comum até níveis avançados)
Em português freqüentemente as frases não têm sujeito. Sujeito oculto, indeterminado, inexistente, são figuras gramaticais que no português explicam a ausência do sujeito. Isto no inglês entretanto não existe. A não ser pelo modo imperativo, toda frase em inglês normalmente tem sujeito. Na falta de um sujeito específico, muitas vezes o pronome IT deve ser usado.
Além da questão da presença obrigatória do sujeito, temos um problema com relação a seu posicionamento. Em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase. Em inglês ele deve estar de preferência no início da frase. Observe os seguintes exemplos:
    Tive um problema. - I had a problem.
    Está chovendo. - It's raining.
    Fez-se o possível. - We (they) did the best.
    Quebraram uma janela. - Somebody broke a window.
    Ontem caiu um avião. - An airplane crashed yesterday.
    Esses dias apareceu lá na companhia um vendedor. - A salesman came to the office the other day.
Ao formar uma frase, o aluno deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no sujeito, depois no verbo. O pensamento em inglês estrutura-se, por assim dizer, a partir do sujeito.



4. There TO BE = ter (existência): (erro comum até níveis intermediários)
Em português o verbo TER tem pelo menos dois significados importantes: posse e existência. Exemplos:
    Eu tenho um carro. = Eu possuo um carro. - I have a car.
    Tem (há) um livro sobre a mesa. = Existe um livro sobre a mesa. - There's a book on the table.
Sempre que o verbo TER significar existência (haver), a frase não terá sujeito; e isto ocorre com muita freqüência em português. Em inglês, esta estrutura corresponderá sempre ao There TO BE.Observe os seguintes exemplos:
    Não tem (há) problema. - There's no problem.
    Tem (há) muita gente. - There are many people.
    Não tem (há) ninguém que fala inglês aqui? - Isn't there anybody that speaks English here?
    Teve (houve) uma festa ontem de noite. - There was a party last night.
    Vai ter (haverá) outra festa semana que vem? - Is there going to be another party next week?



5. No TO after modals: (erro comum até níveis intermediários)
Os verbos modais (auxiliary modals) em inglês (can, may, might, should, shall, must), são verbos que nunca ocorrem isoladamente; ocorrem apenas na presença de outro verbo. Ao contrário dos demais verbos, entretanto, os modais ligam-se ao verbo principal diretamente, isto é, sem a partícula TO. Observe os seguintes exemplos:

He can speak English. - Ele sabe falar inglês.


He likes to speak English. - Ele gosta de falar inglês.


Can I smoke here? - Posso fumar aqui?


Do you want to smoke? - Você quer fumar?

O aluno principiante deve cuidar especialmente com o verbo CAN, que é usado com muita freqüência. Uma forma de internalizar estas estruturas é decorar exemplos como os acima.



6. A Combinação impossível de FOR com TO: (erro comum até níveis intermediários)
O fato de ser o infinitivo em inglês formado pelo verbo precedido da preposição TO, aliado ao fato de ser comum em português a colocação de idéias do tipo VERBO + PARA + VERBO NO INFINITIVO, induz o aluno freqüentemente a colocar a mesma idéia em inglês usando a combinação das preposições FOR + TO. Esta entretanto é uma combinação impossível, não ocorrendo jamais em inglês. Observe nos seguintes exemplos as alternativas corretas:
    Eu vim para falar contigo. - I came to talk to (with) you.
    Ela se ofereceu para me ajudar. - She offered to help me.
    Para aprender, é necessário estudar. - It's necessary to study, in order to learn.
    Isto é um instrumento para medir velocidade. - This is an instrument for measuring speed.
Como regra geral, sempre que houver tendência de colocar FOR + TO, o aluno deve lembrar-se de simplesmente eliminar a primeira preposição.



7No double negative words: (erro comum até níveis intermediários)
No português normalmente colocamos dupla-negações na mesma frase. Pronomes indefinidos como NADA, NENHUM, NINGUÉM, podem ser usados livremente em frases negativas. Isto em inglês é gramaticalmente incorreto. Exemplos:
    Não tem nada que eu possa fazer. - There's nothing I can do. / There isn't anything I can do.
    Eu não tenho nenhum problema. - I have no problems. / I don't have any problems.
    Não tem ninguém em casa. - There's nobody home. / There isn't anybody home.



8. O numeral ONE e o artigo A(N): (erro comum até níveis intermediários)
Quem fala português como língua materna, facilmente se confunde com o numeral ONE e com o artigo indefinido A, porque em português ambos são representados pela mesma palavra: UM. Exemplos:
    I just have a car. (It's not an airplane) - Tenho apenas um carro. (Não um avião)
    I just have one car. (Not more than one) - Tenho apenas um carro. (Não mais do que um)
Na maioria dos casos, é o artigo indefinido que deve ser usado. Observe os seguintes exemplos:
    Eu tenho um problema. - I have a problem.
    Um amigo é mais importante que dinheiro. - A friend is more important than money.



9. No THE before names and other article problems(erros comuns até níveis intermediários)
Em ambas as línguas, inglês e português, existem artigos que se subdividem em definidos (o, os, a, as - the) e indefinidos (um, uns, uma, umas - a, an). Portanto, no uso de artigos há pouco contraste entre os dois idiomas, a não ser por alguns casos excepcionais.
a) Em português, em linguagem coloquial, é comum o uso de artigos definidos na frente de nomes próprios, enquanto que em inglês, salvo algumas exceções, isso jamais ocorre. Veja os seguintes exemplos:
    O Sr. Jones é meu amigo. - Mr. Jones is my friend.
    A IBM é uma empresa grande. - IBM is a large company.
    A Alemanha é um país desenvolvido. - Germany is a developed country.
    O inglês do Peter é melhor que o do John. - Peter's English is better than John's.
   Observe entretanto que para todos países cujos nomes dão uma idéia de coletividade, deve-se usar o artigo definido:
    The United States - Os Estados Unidos
    The Soviet Union - A União Soviética
    The European Union - A União Européia
    The CIS (Community of Independent States) - A CEI
    The United Kingdom - O Reino Unido
    The Netherlands - Os Países Baixos
    The Philippines - As Filipinas
    The Falklands - As Malvinas
    The British Isles - As Ilhas Britânicas
   Também países cujos nomes expressam o tipo de organização:
    The Dominican Republic - A República Dominicana
    The People's Republic of China - A República Popular da China
b) Em inglês não se usa artigo definido antes de pronomes possessivos:

    Este é o meu livro. - This is my book.
    A minha casa ainda não está pronta. - My house isn't finished yet.
c) Em português não se usa artigo indefinido antes de profissões:

    Ele é médico. - He's a doctor.
    Sou professor. - I'm a teacher.
d) Em português não se usa artigo definido quando se fala de tocar instrumentos musicais:

    Ela toca piano. - She plays the piano.



10. SAY and TELL (erro comum até níveis avançados)
Os verbos SAY TELL, embora praticamente sinônimos no significado (transmitir informação), gramaticalmente são diferentes. Ambos podem ser traduzidos em português pelos verbos DIZER e FALAR, sendo que TELL pode ser também traduzido por CONTAR. A diferença reside no fato de que com o verbo SAY, normalmente não há na frase um receptor da mensagem (objeto indireto); enquanto que com o verbo TELL o receptor da mensagem está normalmente presente na frase. Veja os exemplos:
    He said that inflation will decrease. - Ele disse que a inflação vai diminuir.
    He told the reporters that inflation will decrease. - Ele disse aos jornalistas que a inflação vai diminuir.
    What did he say when you told him this? - O que é que ele disse quando tu disseste isso para ele?
Entretanto, quando se reproduz textualmente as palavras do emissor da mensagem, o verbo a ser usado deve ser sempre SAY, mesmo que o receptor da mensagem esteja presente na frase. Exemplo:

    He said "Good morning" to us. - Ele disse "Bom dia" para nós.



11. UMA PESSOA = SOMEBODY (erro comum até níveis intermediários)
Freqüentemente brasileiros que falam inglês encontram dificuldade em usar os sinônimos SOMEBODY ou SOMEONE. Em português, a expressão "UMA PESSOA ...", que é muito comum, corresponde normalmente a SOMEBODY ou SOMEONE em inglês. Observe os seguintes exemplos:
    Tem uma pessoa aí que quer falar contigo. - There is somebody (someone) here who wants to talk to (with) you.
    Uma pessoa me falou que ele vai se aposentar. - Somebody(Someone) told me he's going to retire.
    Eu ouvi uma pessoa falando inglês. - I heard someone (somebody) speaking English.
Cuidado também com a palavra PESSOAS no plural. Na prática, o plural de PERSON é PEOPLE. Exemplo:

    Tem cinco pessoas na sala. - There are five people in the room.



12. No TODAY and no IN before THIS ...(time)... (erro comum até níveis intermediários)
Algumas expressões adverbiais de tempo como HOJE DE MANHÃ, NESTA MANHÃ, HOJE DE TARDE, NESTA TARDE, NESTE MÊS, etc., facilmente induzem o aluno a usar a palavra TODAY ou a preposição IN em inglês. Observe os seguintes exemplos:
    Hoje de manhã (Nesta manhã ) ... - This morning ...
    Hoje de tarde (Nesta tarde) ... - This afternoon ...
    Nesta semana ... - This week ...
    Hoje de noite ... - Tonight ...
    Neste momento ... - At this moment ...



13. YOUR não é o mesmo que SEU (DELE, DELA) (erro comum até níveis intermediários)
Devido ao fato de que português tem na 2a pessoa (você) o mesmo tratamento gramatical dado à 3a pessoa (ele ou ela), o aluno freqüentemente encontra dificuldade no uso correto dos pronomes possessivos em inglês. Por exemplo:
    Este é o seu livro. (de você) - This is your book.
    Este é o seu livro. (dele) - This is his book.
    Este é o seu livro. (dela) - This is her book.



14. I THINK SO não é o mesmo que I THINK (THAT) … (erro comum até níveis intermediários)
I THINK SO é sempre uma frase completa, terminando em ponto final, e corresponde à expressão do português ACHO QUE SIM. I THINK … ou I THINK THAT … sempre introduz uma oração subordinada (relative clause), e corresponde a ACHO QUE … Por exemplo:
    Is it going to rain? I think so. - Será que vai chover? Acho que sim.
    I think this is my book. - Acho que este é o meu livro.
    Many people think that inflation is worse than unemployment. - Muitos acham que inflação é pior que desemprego.

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